Foto: Earth Observatory/NASA (Registro do Rio Solimões feito em setembro de 2024. Imagem mostra áreas de seca e se encontra 'nublada' pela fumaça das queimadas)
17/10/2024, quinta-feira
O satélite Operational Land Imager-2 (OLI-2), da Nasa, capturou uma cena alarmante: o encolhimento do Rio Solimões próximo à cidade de Tabatinga, no oeste do Amazonas, perto das fronteiras com o Peru e a Colômbia. Ao comparar as imagens com as registradas no mesmo dia, três anos atrás, o impacto da seca e a presença de fumaça das queimadas se tornam ainda mais evidentes. As imagens foram divulgadas pela agência espacial nesta terça-feira (15/10).
Segundo o Greenpeace Brasil, em 2024, os principais rios da Bacia Amazônica atingiram níveis historicamente baixos mesmo para a temporada de seca. No dia 4 de outubro, o Rio Negro registrou sua menor marca em mais de 120 anos de medições, alcançando 12,66 metros.
Dados de altura da água, coletados por altímetros de satélite e analisados por cientistas da Nasa, também indicaram níveis anormalmente baixos em vários lagos e reservatórios no Brasil, incluindo o Lago Mamori, no Amazonas.
A seca na região foi causada pelo fenômeno climático El Niño, que está ligado a uma massa de água excepcionalmente quente no Pacífico equatorial. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, seus efeitos começaram no início de 2023 e terminaram em junho deste ano. Classificado como de intensidade moderada a forte, o fenômeno fez com que a seca se agravasse no norte, enquanto o sul do país experimentou chuvas acima do esperado.
Entretanto, uma região de calor aumentada no Atlântico Norte pode ter influenciado na precipitação, contribuindo para o cenário atual. O projeto SERVIR, uma colaboração entre a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e a Nasa, revelou que o oeste do Amazonas, o norte do Peru, o leste da Colômbia e o sul da Venezuela receberam 160 milímetros a menos de chuva do que o habitual no meio do ano.
Essa situação levou os pesquisadores a emitirem alertas sobre a possibilidade de uma seca severa, além de condições favoráveis para um aumento na ocorrência de incêndios florestais. As preocupações se concretizaram: de acordo com o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus (CAMS) da União Europeia, a Amazônia e o Pantanal enfrentam as piores queimadas dos últimos 20 anos. A escassez de chuvas e a baixa umidade do solo criaram um cenário ideal para a propagação dos incêndios, que se espalharam rapidamente pelo continente.
"A baixa precipitação no Pantanal durante a estação chuvosa do ano passado — aproximadamente de novembro a fevereiro — predispôs esta região a um risco maior de incêndio", disse Doug Morton, cientista do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, em comunicado. "No mapa GRACE, você também vê um forte sinal de seca ao norte no Peru, Colômbia, Venezuela e oeste do Brasil — a fonte de muitos dos rios que agora estão secando na Amazônia central."
O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN) já considera a atual seca como a mais severa e ampla que o Brasil já enfrentou. Esse fenômeno tem afetado as lavouras e comprometido a saúde da população, além de interromper redes de transporte e prejudicar a geração de energia hidrelétrica em partes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.
Para lidar com a situação, o governo brasileiro está avaliando a possibilidade de reimplantar o horário de verão. Essa medida, que implica adiantar os relógios nacionais em uma hora, surge da necessidade de economizar energia e aliviar a pressão sobre as hidrelétricas do país, uma vez que não há previsões de melhora para a seca. O governo deve anunciar uma decisão sobre o tema nesta quarta-feira (15/10).
Fonte: Revista Galileu/Meio Ambiente
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