PF participa de operação que resultou na destruição de 60 balsas de extração ilegal de ouro na Amazônia Foto: Agenda do Poder
14/11/2025, sexta-feira
Mineração ilegal avança na fronteira da Amazônia e movimenta milhões em ouro extraído por redes criminosas
Um relatório inédito da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que a mineração ilegal de ouro se expandiu de forma alarmante na fronteira entre o Brasil e a Colômbia, transformando-se na principal atividade criminosa e no maior ilícito ambiental da região amazônica. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o avanço é impulsionado por fatores combinados: a valorização do ouro no mercado internacional, a ausência de fiscalização efetiva do Estado e a facilidade de circulação nas fronteiras, o que favorece redes criminosas transnacionais.
O documento, elaborado em parceria com a Direção Nacional de Inteligência (DNI) da Colômbia, alerta que o garimpo ilegal, o narcotráfico e o tráfico humano formam um tripé de ameaças crescentes à segurança ambiental e social da Amazônia. Trata-se do primeiro relatório público conjunto entre agências de inteligência sul-americanas sobre o tema.
Segundo a Abin, a mineração ilegal responde por cerca de um terço da produção anual de ouro no Brasil. Na faixa de fronteira amazônica, o quadro é ainda mais crítico: praticamente todo o ouro extraído tem origem ilícita.
Ouro recordista e redes transnacionais
A alta histórica do ouro ampliou os lucros do garimpo ilegal. O preço do metal subiu mais de 40% em 2024, alcançando um recorde de US$ 3.000 (R$ 16,1 mil) por onça em março de 2025. O comércio clandestino se tornou um negócio bilionário na América Latina e no Caribe.
A extração ocorre principalmente por meio de balsas e dragas nos grandes rios amazônicos — Caquetá-Japurá, Putumayo-Içá e Solimões, entre outros. Essas embarcações escavam o leito dos rios em busca de ouro, utilizando motores de alta potência e tubos de sucção que chegam a 15 metros de profundidade.
O relatório descreve uma estrutura sofisticada: balsas que custam a partir de US$ 15 mil (R$ 80 mil) e dragas avaliadas em milhões de dólares. Os garimpeiros utilizam grandes volumes de combustíveis fósseis e mercúrio, cuja contaminação se espalha pelos rios, alterando a turbidez da água, reduzindo a penetração de luz e comprometendo a fauna aquática.
Fonte: Agenda do Poder
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