Suspeitos no desaparecimento de indigenista e jornalista são ouvidos em Atalaia do Norte

Foto: Portal Único (O jornalista Dom Philips (esq.) e o indigenista Bruno Pereira: desaparecidos desde domingo no Vale do Javari 

 

08/06/2022, quarta-feira 

 

Caso ganha repercussão mundial e Direitos Humanos cobra esclarecimentos 

Vale do Javari é um "barril de pólvora" diz o Conselho Indigenista Missionário 

Força tarefa multidisciplinar vasculha a região em busca dos desaparecidos 

 

Por Claudio Barboza e Solange Elias, com editorias do Único 

 

Depoimentos não esclarecem 

 

Dois pescadores, identificados apenas como "Churrasco" e "Jâneo" foram detidos na noite desta segunda-feira (06/06) em Atalaia do Norte para prestar depoimento sobre o desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que aconteceu no último domingo (05/06), na região do Vale do Javari. Eles prestaram depoimentos e foram liberados, mas a Polícia Federal não revelou o conteúdo dos questionamentos. "Churrasco" é justamente uma das pessoas que deveria ter encontrado o indigenista em um trecho de sua viagem, mas não compareceu ao encontro. 

 

Cobrança internacional 

 

A diretora da organização Human Rights Watch para o Brasil, Maria Laura Canineu, divulgou nota cobrando a imediata localização dos desaparecidos. Segundo ela, a principal associação indígena da região (Unijava) informou que sua equipe já havia recebido ameaças na mesma semana do desaparecimento. A notícia mobilizou jornais e jornalistas em todo o mundo, principalmente os ingleses, e defensores de direitos humanos por todo o ocidente. 

 

Conflitos no Javari 

 

Uma carta-ameaça revelada pela esposa do indigenista Bruno Pereira e publicada por O Globo, aponta que ele sofria constantemente ameaças de morte por seu trabalho junto aos povos indígenas do Javari. Era uma batalha diária contra a pesca e caça predatórias, garimpo ilegal, extração de madeiras e até narcotraficantes. Esse cenário é confirmado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que apontou a região como "um barril de pólvora". 

 

Equipes de busca 

 

O governo federal montou uma força-tarefa em Tabatinga para se concentrar nas buscas ao jornalista e ao indigenista. A equipe tem agentes da Polícia Federal, oficiais da Marinha e do Exército, bombeiros, servidores da Funai, da Defesa Civil, Força Nacional de Segurança e da Secretaria Estadual de Segurança. Estão atuando também os Ministérios Públicos Estadual e Federal. 

 

Cidadãos ingleses 

 

No ano de 2017, também uma cidadã inglesa, a atleta Emma Kelty desapareceu o rio Solimões, quando fazia uma viagem de caiaque do Peru em direção a Manaus. Emma foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte) e os autores foram presos. 

 

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